Certa vez houve um protesto numa das avenidas. Bloqueou a passagem dos ônibus. Era uma tarde de setembro de 2022. Eu havia ido na biblioteca buscar um livro e ficara preso na balbúrdia. Protesto pelo piso da enfermagem.
Na época, eu era um réles estudante.
Tive que descer para uma avenida alternativa. Era uma avenida bonita, com prédios dos dois lados. Boa sombra, ventilada. Uma escola particular; meninas circulando. Uma concessionária; mulheres de calça seda e camisa social. E também um restaurante loja de bairro chique.
Então eu pensei assim: mesmo que aquela rua fosse calçada à ouro; mesmo que os prédios fossem limpos até a última poeira; mesmo que eu tivesse acesso livre à tudo de bom de consumo de alta renda. ainda assim, não sendo o sonho erótico de uma garota jovial e bonita, de nada valeria.
Hoje, 2025, é assim. Final de semana faço desjejum e almoço em restaurante gourmet. À tarde, cafeteria. E ainda posso fechar a noite com jantar fino. Acesso a lazer, bens de consumo. Mas eu digo, sem beleza física, de nada vale. Sem despertar interesse, atração, nada disso vale a pena.
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